quinta-feira, setembro 14, 2006

Onde estão os pobres?

A idéia de criar um fanzine ou blog me veio à cabeça. Não pra exercitar aquilo que aprendo na faculdade, mas também com o intuito de protestar contra os meios de comunicação de massa do nosso estado. Deixo meu protesto aqui, contra a elitização da televisão e dos jornais.

Alguém aqui viu pobre nos telejornais ou nos jornais impressos sem ser nas noticias de morte ou cadernos policiais?

Cardinot e afins são a escória (palavra pesada, mas correta) da televisão brasileira. Esses programas usam o pobre, prometem absurdos, estimulam a criminalidade, mostram imagens decadentes, humilham as pessoas e estigmatizam todos aqueles que cometem crimes, por qualquer motivos que sejam, comoalma sebosa’. (O termoalma sebosa’ está ligado diretamente como algo carregado a pessoa, algo impassível de mudança. Quem pode mudar sua alma? *) Não observam as condições financeiras da pessoa, as dificuldades que ela teve de viver e os problemas que acarretou no foto dela ser uma criminosa. vi crianças de oito anos serem chamadas de ‘alma sebosapor Cardinot. Semana passada uma mãe da cidade de Cumaru, Agreste do estado, concordou e comemorou a morte do filho. Ele era muito ruim, uma alma sebosa”, disse a senhora. Outros fatores são os tais testes de DNA, a mulher se submete a ser chamada de puta e seus derivados para receber o resultado do exame e uma pensão do pai dos filhos.


Ai é que está o ponto em que quero chegar.

O governo não da o direito a essa mãe de fazer de graça, rapidamente, um teste de DNA. Ela espera anos para que o serviço público o faça. É mais fácil, em poucas horas, ela ir num desses programas e obter logo a pensão dos filhos. Cardinot faz o papel do governo. É o único programa em que o pobre aparece, em que o jornalista pergunta como ele está se sentindo (mesmo isso sendo uma pergunta idiota – o filho da mulher acaba de ser assassinado e a jornalista pergunta: - “O que a senhora está sentindo? Esperava isso?” ¬¬) e mostra sua rua esburacada. Por isso tem tanta audiência.

No mesmo balaio adiciono os Flavio Barras e Dennys, com as bundas saltitantes das mulheres pobres que têm como única opção de destaque na sociedade seusbeloscorpos. (Prometo fazer o próximo post sobre a imagem da mulher na televisão)

Aqui retomo meu protesto. Que imprensa é essa que quando mostra o pobre, o nessas condições, com esses olhos? O único objetivo de lucrar apaga cada vez mais o papel revolucionário do jornalista. Temos a condição de mudar esse fator, transformar essa sociedade. O jornalismo midiático é assim, uma bosta completa.

* E a propaganda lucra com isso também. (“Sabão Lavart, lava até alma sebosa”)



Xêro da Rosa

2 Comentários:

Às 11:14 PM , Blogger Laura disse...

Eu acho uma injúria PARA COM A MINHA PESSOA, essa privação realizada por você.
Coloquei o link nos diários. Cliparei este blog sempre.

Beijo da gorda!

 
Às 9:28 PM , Anonymous Anônimo disse...

Muito bom seu comentário!
Infelizmente é nesses programas que a maioria da população "tem vez" e identificação... Não é à tôa que fazem sucesso!
Concordo com você.... é uma missão para o jornalismo propor algo inclusivo, mas que fuja a esse tipo que estamos acostumados a ver.

Bjus!

 

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial