Agora sim. Agora sinto-me livre pra escrever o que jamais poderia ser escrito há uma hora atrás. Uma hora fez toda a diferença. Porque não são apenas sessenta minutos, é uma hora, tempo suficiente pra sufocar-me os dedos e deixar-me( nossa, como a próclise é excitante) seco. Eu preferia não ter visto. É que não ver, neste caso, poderia salvar. É que às vezes escorre sangue, da alma, no caso. E quando o sangue é quente, a alma arde, grita. Explode como fogos em tempos de ano novo. Mas nada foi novo. Não, a novidade aqui não está presente. Este texto nem tem o tom que eu, ao planejar escrevê-lo, queria que tivesse. Meus dedos estão mais pesados que o normal. Os olhos também. Daí eu lembro do que vi, e isso me deixa com uma sensação de parto interrompido, quando o feto, ao ver o mundo que lhe espera, através da janela vaginal de sua mãe, prefere ficar ali, parado, dormindo, calado, no mesmo lugar. No mesmo lugar. Isso. É aí que estou: no mesmo lugar.
Em contrapartida, sinto-me assim: tão. Tão descontroladamente febril, que dá pra sentir daqui o fervor abusivo da minha poesia. O poema que não quis sair, nem eu queria que ele saisse. Não, não quero poemas. Também não quero que este texto seja entendido, porque escrevi pra mim, só pra mim. Eu também não tenho a pretensão de entender este surto. Sim, surto. Medo. De ver. Ver, neste caso, pode fazer sangrar, e uma hemorragia nessa etapa da loucura poderia matar.
E tenho dito,
Carvão.
4 Comentários:
Apesar de "pesado" brilhante como a maioria dos textos q ja li seu....
nao é a toa q chamamos de poeta ne?!
bjos
que texto pesaaaado! tenta escrever coisas mais leves, rapai! =]
beijo!
que aflição.... :/
(me deixou tensa...)
mexeu com emoções... então você conseguiu de novo! Parabéns!
;)
Perfeito!
Adoro a sua retórica, sabia?
Aqui será o local onde mais passearei, pode ter certeza.
Beijos a ti!
=)
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