domingo, novembro 12, 2006

Cantava as mesmas canções todos os dias. Chorava ao ouvir todas elas, sempre. Lia também os livros de sempre, os mesmos que tivera lido na infância: havia Clarice por todos os lados.
Sentia saudade de tudo o que tivera vivido na infância, ou de quase tudo. Era pior, sentia uma saudade ainda mais forte de tudo o que ainda não vivera. Mas haviam soluços, haviam sapatos, e pés, e sonhos, e vida. Seus textos respiravam de maneira diferente, por isso suas pontuações eram erradas, assim como os seus passos.
Mas sentia alegria, alegria pra todos nós. Sentia dores também, como qualquer ser humano nesse tempo de rascunhos. Sentia todos os sentimentos possíveis, os impossíveis também. Ele sentia o impossível porque sua existência era o resultado das impossibilidades. Ele sempre fora movido pelo impossível : amores impossíveis, sorrisos impossíveis. Mas é do impossível que nascem as melhores histórias.
E assim ele vivia, como nem “a’ nem “b”.

E tenho dito,

Carvão.