quinta-feira, maio 31, 2007

Vontades(parte I)

Mas ele queria ser diferente, ele queria mudar de cor. Queria o azul escarlate de todas as cores. Queria o avesso do aperto que não quis sair. Queria a profundeza de um desejo insensato. Queria, pois, a mentira mais cabeluda que pudesse ser dita. Queria a verdade escancarada no teto das mais profundas expressões de afeto. Mas só querer não bastava, então ele sonhava, delirava. Acontece que até o delírio tem limite, no seu caso, um limite cada vez mais curto. Então, ele desistia várias vezes por dia. Ele se desesperava, ele arrancada os cabelos negros e chorava, derramava milhares de lágrimas por si, assim, por toda a noite.


E tenho dito,

Carvão.

segunda-feira, maio 28, 2007


Há momentos em que a maior vontade que eu tenho é de correr, pegar o primeiro ônibus, bater na tua janela e te levar pra viver comigo, eternamente, num lugar bem bonito, cheio de flores, pombos e muito, mas muito vento.



E tenho dito,

Carvão.

Orgulho do meu sangue


Aconteceu assim: cheguei na faculdade e havia lá no cantinho, bem miudinha, uma mesa e algumas meninas risonhas. Fui mais perto e perguntei do que se tratava. Aí foi quando uma moça linda falou que se tratava de uma campanha para encontrar doadores de medula óssea para portadores de leucemia. Na mesma hora e com tanta alegria, eu abri os braços disse: “ eu vou poder salvar uma vida?”
Risonha, a moça me disse que sim!
Então, sem sentir dor nenhuma, eu enchi dois tubinhos de sangue e entreguei à menina.
Agora, eu fico aqui, no meu canto, imaginando como eu ficarei feliz se minha medula servir pra alguém. Seja pra um menininho de um ano ou pra uma senhora beeeem velhinha...

Ahhh... eu vou ser mais feliz ainda!




E tenho dito,

Carvão.

quinta-feira, maio 10, 2007

Hoje, fiquei sabendo que a mãe do meu primo dormiu eternamente.

Espero que ela sonhe com anjos e borboletas.


E tenho dito,

Carvão.

Da carta que te escrevi (parte I)


Esqueci de contar que comecei a escrever uma carta para ti. Uma bem bonita! Daquelas cheias de sentimentos, cheia de sorrisos de orelha à orelha. Mas antes de começar a carta, eu fui caminhar pelo jardim da casa de vovô. Vovô é “danado”, vive cultivando flores, as mais bonitas! Olhando uma delas, me lembrei do teu sorriso, aquele que tu abrias assim que eu entrava pelo portão do teu quintal. Vi também uma borboleta, então lembrei-me do teu abraço. As bichinhas das “brabuletas”...Nunca mais acordaram com o grito silencioso do teu abraço.



E tenho dito,

Carvão.

terça-feira, maio 01, 2007

E a chuva molhou meus sonhos


Hoje cedo, o dia começou com uma chuva fina que parecia arrastar os sonhos. Meu sonho foi arrastado. Na janela, os pingos anunciavam o aniversário de Lívia. Lá fora, na rua, o chão ficou carregado de poesia. Aqui dentro, no meu quarto, eu escrevi poemas. Meu dia começou assim, entre uma gota e outra, entre um verso e outro. É que quando chove, eu lembro de tanta coisa... Os meus sonhos mais parecem a abertura de um baú empoeirado, que fica dentro de um quarto escuro, onde a gente só entra pra matar saudades.
E a chuva me faz lembrar que já amei, então eu amo mais uma vez. E de novo, de novo. Mais uma vez eu sonho acordado enquanto chove. Mais uma vez eu deixo os meus sonhos serem arrastados pelo vento. De novo, eu escrevo poemas pra depois deixá-los lá fora, na rua, pra chuva molhar, pro passarinho mais bonito levar. Depois eu fecho a janela, tranco as portas e vou dormir de novo.


E tenho dito,

Carvão.