Vontades(parte I)
Mas ele queria ser diferente, ele queria mudar de cor. Queria o azul escarlate de todas as cores. Queria o avesso do aperto que não quis sair. Queria a profundeza de um desejo insensato. Queria, pois, a mentira mais cabeluda que pudesse ser dita. Queria a verdade escancarada no teto das mais profundas expressões de afeto. Mas só querer não bastava, então ele sonhava, delirava. Acontece que até o delírio tem limite, no seu caso, um limite cada vez mais curto. Então, ele desistia várias vezes por dia. Ele se desesperava, ele arrancada os cabelos negros e chorava, derramava milhares de lágrimas por si, assim, por toda a noite.
E tenho dito,
Carvão.