terça-feira, fevereiro 27, 2007

Sim, eu escrevo poemas. Mas escrevo pra mim, que fique logo bem claro. Então não espere muita coisa deles. Eles nem sempre tem algo a dizer, mas dizem. Dizem o suficiente pra me deixar mais leve, e a leveza é algo que poucos sentem, mas todos querem sentir. Não, eu nem me acho tão leve assim, pelo contrário, e aí me contradigo, eu nunca fui leve. Mesmo que os meus poemas tenham me deixado leve, eu nunca senti essa leveza. Então eu nunca fui leve, apesar de já ter sido. É confuso, eu sei, é complexo, é ridículo, mas é assim. É assim que as coisas acontecem antes mesmo de terem acontecido. É assim que um amor acaba antes mesmo de ter começado. E os átomos agradecem pelo respeito que lhes é dado. Ninguém enxerga-os, nem toca-os, mas eles estão por toda parte. Aqui ou ali. Perto de cada um de nós. Como um espírito vagabundo que vaga sem ter por onde vagar. Agora eu me vejo perdido entre tantas letras. Assim, termino aqui este texto mal construído, mal acabado, como a vida, como os fatos. Assim: só.

E tenho dito,

Carvão.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Agora sim. Agora sinto-me livre pra escrever o que jamais poderia ser escrito há uma hora atrás. Uma hora fez toda a diferença. Porque não são apenas sessenta minutos, é uma hora, tempo suficiente pra sufocar-me os dedos e deixar-me( nossa, como a próclise é excitante) seco. Eu preferia não ter visto. É que não ver, neste caso, poderia salvar. É que às vezes escorre sangue, da alma, no caso. E quando o sangue é quente, a alma arde, grita. Explode como fogos em tempos de ano novo. Mas nada foi novo. Não, a novidade aqui não está presente. Este texto nem tem o tom que eu, ao planejar escrevê-lo, queria que tivesse. Meus dedos estão mais pesados que o normal. Os olhos também. Daí eu lembro do que vi, e isso me deixa com uma sensação de parto interrompido, quando o feto, ao ver o mundo que lhe espera, através da janela vaginal de sua mãe, prefere ficar ali, parado, dormindo, calado, no mesmo lugar. No mesmo lugar. Isso. É aí que estou: no mesmo lugar.
Em contrapartida, sinto-me assim: tão. Tão descontroladamente febril, que dá pra sentir daqui o fervor abusivo da minha poesia. O poema que não quis sair, nem eu queria que ele saisse. Não, não quero poemas. Também não quero que este texto seja entendido, porque escrevi pra mim, só pra mim. Eu também não tenho a pretensão de entender este surto. Sim, surto. Medo. De ver. Ver, neste caso, pode fazer sangrar, e uma hemorragia nessa etapa da loucura poderia matar.

E tenho dito,

Carvão.

sábado, fevereiro 17, 2007

Um pouco do que muitos homens mereceriam ouvir.


Carregue daqui tudo o que deixaste
Leve teu cheiro, tuas angústias, tuas lágrimas
Leve também o ruído que a porta faz quando tu chegas
E o abraço adúltero que me davas no fim do dia
O cheiro impregnado em tuas roupas, que só me levava à loucura
Leve também o álbum de fotos e os porta-retratos
Leve daqui a minha espera por um beijo com gosto de café
Carregue pra onde for o nosso dia-dia que jamais foi nosso
A nossa busca que jamais foi busca, foi cansaço
Os teus pêlos, as tuas costas largas, as tuas pernas pesadas
As pernas que me sufocavam no meio da madrugada que nunca foi nossa
Aquela rosa que nunca me destes
Aquele sonho que já se apagou
O teu sorriso cínico, as tuas palavras de consolo que nunca me consolaram
A nossa festa que nunca foi nossa, mas de outras pessoas que mergulhavam entre as tuas pernas antes de mim
Leve embora contigo o teu rosto
Leve da minha memória o tamanho do teu nariz, da tua boca, da tua virilha
Leve daqui a nossa piada interna
Leve embora o pedido que nunca foi feito
Saia, vá embora, antes que a próxima pessoa a me levar ao orgasmo, coisa que tu nunca fizeste, chegue...
A fila andou.

E tenho dito,

Carvão.

domingo, fevereiro 11, 2007


Você já foi comido, meu amigo? Ainda não? Poxa, que pena! Não, não, não pense coisas aleatórias. Falo de ser comido pelos olhos de uma mulher. Sim, porque ninguém come melhor, com os olhos, do que uma mulher. Elas são naturalmente menos efusivas do que nós, são menos...só são menos nisso mesmo, porque no resto elas são o conjunto de todas as rebeliões hormonais explodindo de uma só vez, através de um único canal: o olhar. Sim, elas não falam, mas olham, e como olham... Como eu sou uma espécie de "cafetão de não-prostitutas", já que ando freqüentemente com mulheres, percebo bem( e muito bem, vale ressaltar) pra onde são loucamente direcionados os seus olhares. Não, meu bem, elas não olham para os olhos dos rapazes de peito largo, barriga de tanquinho e corpo de "rato de academia". Os olhares são (quase) sempre direcionados para outro(s) lugar(es) mesmo. Elas podem negar, vão negar, eu sei. Perguntei a uma amiga o nome de um homem que ela achasse lindo, ela, provavelmente, imaginando-o ao seu lado, citou Fábio Assunção. Agora, vem cá, tu que és mulher...olharias apenas para os olhos de Fábio Assunção?

E tenho dito,

Carvão.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007


Tenho aprendido muito. Aprendido tanto, que já esqueci aquilo que aprendi. Aquilo tudo, mesmo! É que às vezes eu penso que aprender, na verdade, é um verbo tosco. Vem cá, a gente aprende algo ou já nasce sabendo e depois descobre que sabe? Não, eu não fumei maconha antes de sentar pra escrever. E vou parando por aqui, mas fica no ar a pergunta, pra que vocês respondam, é claro.


E tenho dito,

Carvão.