Sim, eu escrevo poemas. Mas escrevo pra mim, que fique logo bem claro. Então não espere muita coisa deles. Eles nem sempre tem algo a dizer, mas dizem. Dizem o suficiente pra me deixar mais leve, e a leveza é algo que poucos sentem, mas todos querem sentir. Não, eu nem me acho tão leve assim, pelo contrário, e aí me contradigo, eu nunca fui leve. Mesmo que os meus poemas tenham me deixado leve, eu nunca senti essa leveza. Então eu nunca fui leve, apesar de já ter sido. É confuso, eu sei, é complexo, é ridículo, mas é assim. É assim que as coisas acontecem antes mesmo de terem acontecido. É assim que um amor acaba antes mesmo de ter começado. E os átomos agradecem pelo respeito que lhes é dado. Ninguém enxerga-os, nem toca-os, mas eles estão por toda parte. Aqui ou ali. Perto de cada um de nós. Como um espírito vagabundo que vaga sem ter por onde vagar. Agora eu me vejo perdido entre tantas letras. Assim, termino aqui este texto mal construído, mal acabado, como a vida, como os fatos. Assim: só.
E tenho dito,
Carvão.