A
idéia de
criar um fanzine ou blog
me veio à
cabeça.
Não só pra exercitar aquilo que aprendo na
faculdade,
mas também com o
intuito de
protestar contra os
meios de
comunicação de
massa do
nosso estado. Deixo
meu protesto aqui,
contra a elitização da
televisão e dos
jornais.
Alguém aqui já viu pobre nos telejornais ou nos jornais impressos sem ser nas noticias de morte ou cadernos policiais?
Cardinot e afins são a escória (palavra pesada, mas correta) da televisão brasileira. Esses programas usam o pobre, prometem absurdos, estimulam a criminalidade, mostram imagens decadentes, humilham as pessoas e estigmatizam todos aqueles que cometem crimes, por qualquer motivos que sejam, como ‘alma sebosa’. (O termo ‘alma sebosa’ está ligado diretamente como algo carregado a pessoa, algo impassível de mudança. Quem pode mudar sua alma? *) Não observam as condições financeiras da pessoa, as dificuldades que ela teve de viver e os problemas que acarretou no foto dela ser uma criminosa. Já vi crianças de oito anos serem chamadas de ‘alma sebosa’ por Cardinot. Semana passada uma mãe da cidade de Cumaru, Agreste do estado, concordou e comemorou a morte do filho. “Ele era muito ruim, uma alma sebosa”, disse a senhora. Outros fatores são os tais testes de DNA, a mulher se submete a ser chamada de puta e seus derivados para receber o resultado do exame e uma pensão do pai dos filhos.

Ai é que está o ponto em que quero chegar.
O governo não da o direito a essa mãe de fazer de graça, rapidamente, um teste de DNA. Ela espera anos para que o serviço público o faça. É mais fácil, em poucas horas, ela ir num desses programas e obter logo a pensão dos filhos. Cardinot faz o papel do governo. É o único programa em que o pobre aparece, em que o jornalista pergunta como ele está se sentindo (mesmo isso sendo uma pergunta idiota – o filho da mulher acaba de ser assassinado e a jornalista pergunta: - “O que a senhora está sentindo? Esperava isso?” ¬¬) e mostra sua rua esburacada. Por isso tem tanta audiência.
No mesmo balaio adiciono os Flavio Barras e Dennys, com as bundas saltitantes das mulheres pobres que têm como única opção de destaque na sociedade seus ‘belos’ corpos. (Prometo fazer o próximo post só sobre a imagem da mulher na televisão)
Aqui retomo meu protesto. Que imprensa é essa que quando mostra o pobre, o vê nessas condições, com esses olhos? O único objetivo de lucrar apaga cada vez mais o papel revolucionário do jornalista. Temos a condição de mudar esse fator, transformar essa sociedade. O jornalismo midiático é assim, uma bosta completa.
* E a propaganda só lucra com isso também. (“Sabão Lavart, lava até alma sebosa”)
Xêro da Rosa